10 Considerações sobre Jonathan Strange & Mr. Norrell, de Susanna Clarke ou por que não se faz mais magia na Inglaterra

O Blog Listas Literárias leu Jonathan Strange & Mr. Norrell, de Susanna Clarke publicado pela editora Seguinte; Neste post as 10 considerações sobre o livro, confira:

1 - Jonathan Strange & Mr. Norrell é simplesmente fascinante. Uma das melhores fantasias já escrita, certamente.

2 - Virtudes é o que não faltam para argumentar a afirmação anterior, pois neste livro que narra em terceira pessoa a história de dois magos ingleses no período das guerras napoleônicas é um verdadeiro deleite para leitores, fãs ou não de fantasia, pois este é um romance universal expressionista e impressionista que prende o leitor com a mesma magia presente na obra que nos encanta durante suas mais de oitocentas páginas;

3 -  Na trama a partir da pergunta elementar de Mr. Segundus "Por que não se faz mais magia na Inglaterra?" é o ponto de partida para que o leitor venha a conhecer estes dois grandes mágicos, o reticente e dúbio Mr. Norrell, e Jonathan Strange, um rebelde discípulo cuja grande característica é a impulsividade e a extrema curiosidade que acaba tornando-o um dos melhores magos de todos tempos;

4 - Mas embora a narrativa tenha como protagonistas os dois mágicos, é a riqueza plena e ampla de uma magia que co-habita o mundo real que torna este livro tão fantástico. Nele há um primor e uma riqueza para ambientar esse "renascimento" da magia na Inglaterra, especialmente com a presença não física de um Rei Corvo que acaba muitas vezes traçando os principais personagens do livro, além de toda uma história pregressa que acaba carregando a obra de verossimilhança que faz com que o leitor além de regressar no tempo também mergulhe num mundo em que a magia é possível e presente;

5 - E a perfeição do livro já se dá pela narrativa, uma coisa realmente encantadora, em que as personagens vão sendo apresentadas em seus melhores e piores momentos com uma sutiliza e delicadeza raramente vistas. O narrador em terceira pessoa (possivelmente um mago que viveu a era de Strange & Mr. Norrell) é um exímio contador de história cujo ambiente ganha formas e percepções por meio de sua riqueza descritiva, bem como o cuidado com o qual acaba mostrando as ações das personagens. Além disso, a narrativa é impregnada de um humor tipicamente inglês de grandíssima qualidade, o que só aumenta os pontos desta obra tão cheia de recursos;


















6 - Assim, o leitor aos poucos perceberá as nuances que só somam aos mistérios e à magia do livro. Isso fica claro na caracterização de Mr. Norrell, um mago que o tempo todo parece estar sendo manipulado em contraponto a sua aparente liderança pela restauração da magia na Inglaterra. Da mesma forma acontece com Strange e todos as demais personagens do livro em que o leitor para além do texto precisará ater-se às suas ações para poder conhecer todos de uma forma mais verdadeira;

7 - E obviamente ao inserir magia num período histórico de grande conflito como a guerra dos ingleses contra Napoleão Bonaparte acaba produzindo relações interessantes, e para além disso, também nos brinda com grandes cenas mágicas que nos deleitam os olhos;

8 - Assim, é um livro que se torna real. Que torna a magia real. Como nenhum outro consegue colocar a magia presentemente numa sociedade bastante crível com personagens bem reais, como é o caso de todos em Jonathan Strange & Mr. Norrell. É um livro que nos ganha em todos os sentidos, e em sua terceira parte mergulha então numa passagem fantástica cuja magia é de uma grandiosidade poucas vezes vistas em romances do gênero;

9 - Ah. Magia, uma sociedade inglesa como vista em alguns clássicos e também horror, sim, horror, pois certos encantamentos e situações que acontecem no livro o pincelam com toques de horror, um horror fantasmagórico de arrepiar os cabelos pelas situações apresentadas;

10 - Enfim, Jonathan Strange & Mr. Norrell está sim entre os melhores livros de fantasia de todos os tempos e consegue de fato rivalizar com a obra de George R. R. Martin e Tolkien mas com uma notável diferença, pois Susanna Clarke não precisa criar todo um novo mundo para estabelecer sua magia e sim a traz para uma possível realidade nossa, e nesse quesito nenhum outro escritor parece-me ter conseguido tão exitoso resultado. Publicado originalmente em 2004 o livro ganha esta nova reedição e certamente ganhará de vez o coração de leitores brasileiros, pois este é um livro essencial para quem efetivamente gosta de boa magia.



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