10 Considerações sobre As Estranhas e Belas Mágoas de Ava Lavender ou porque nem sempre asas foram feitas para voar

O Blog Listas Literárias leu As Estranhas e Belas Mágoas de Ava Lavender, de Leslye Walton, publicado pela editora Novo Conceito; Neste Post as 10 considerações sobre o livro:

1 - As Estranhas e Belas Mágoas de Ava Lavender está para a literatura como um quadro de Salvador Dali, com sua trama e ambientação totalmente surreal que jogam aos leitores cenários oníricos a tal ponto como se os sonhos invadissem as páginas desta diferente e interessante trama;

2 - Digo isto porque não é um livro de fácil compreensão, armadilhas e jogos de palavras nos colocam diante dramáticas metáforas, e convidam a todo tempo o leitor para uma viagem estranha, mas que acima de tudo fala de algo humano a extremo que são as desilusões e os desencontros amorosos como que tornando o amor algo inalcançável;

3 - É justamente o amor inalcançável que parece comandar todas as estranhas lembranças de Ava, mulher que nasceu estranhamente com um par de asas, mas que acima deste detalhe, concentra-se na verdade em contar-nos como sua família foi sendo ao longo dos tempos dilacerada por amores não realizados, ou então proibidos;

4 - Assim, temos um livro bastante sombrio, o que até acaba calhando com seus personagens inverossímeis e tão peculiares que sua originalidade salta das páginas que após o estranhamento inicial passamos a entender suas esquisitices;

5 - Outro detalhe que não poderia deixar de comentar é que o livro nos faz de imediato relembrar um clássico da literatura juvenil brasileira, O Menino de Asas. Mais do que propriamente as asas em ambos personagens, é a ambientação opressiva carregada de drama que de certa forma aproxima os dois trabalhos;













6 - Além disso, As Estranhas e Belas Mágoas de Ava Lavender não somente aparente ser um livro triste, como o é de fato, numa narrativa em primeira pessoa cujos ressentimentos não são despejados de forma explícita, mas sim vão sendo pesados aos poucos, na simples forma como Ava reconta sua história;

7 - Aliás, a escolha narrativa me parece um fato interessante e diferente, visto que Ava como narradora de suas próprias lembranças acaba com naturalidade infiltrando-se de forma onisciente em acontecimentos doutros personagens, algo que é bem raro a este tipo de narrativa. De toda forma esta opção parece combinar com a natureza do livro e assim a narradora assume sua entidade etérea, o que talvez venha a justificar-se no final do livro;

8 - Ou seja, este não é um livro explícito, está escrito numa série de camadas em que será preciso o leitor mergulhar com atenção para então poder encontrar as diversas mensagens presentes na escrita;

9 - De toda forma, é um livro de grandes qualidades, inclusive sua forma cinzenta tal como uma sucessão de dias chuvosos; está impregnado de amargura e depressão, e suas cenas conduzem sempre para a tragédia como o lirismo presente na Ópera. É um livro diferente do que se tem visto por aí;

10 - Enfim, se você busca mais do que simples entretenimento, eis aí um livro que te fará pensar, ou ao menos apreender-se diante suas cenas oníricas cheias de tensão, suspense, e um pouco de horror. Não é um livro para ler com indiferença.

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